Deus decidiu pintar um quadro.
Comprou uma boina, um cavalete, algumas tintas, todos os acessórios para ter a aparêcencia de pintor profissional.
Lembrou o quanto orgulhou-se ao construiu Paris. É, Páris é uma boa ideia.
Depois de algumas pinceladas terríveis, Deus percebe que, em relação a cidades, talvez seja melhor apenas esculpir.
O Todo Poderoso, então, sofre uma série de fracassos tentando retratar a esfinge, as praias australianas, a aurora boreal, entre outras das suas criações.
Definitivamente Deus não era um bom pintor. Em estado de fúria, usa um machado e destrói todos os quadros. Empilha-os e põe o machado sobre eles.
Mais calmo, ele acende um cigarro. Uma ideia vem até a mente: convoca todos os críticos de arte que conhecia para uma exposição no museu de Nova York.
Chama São Jorge, Arcanjo Gabriel e outros amigos para também exporem seus trabalhos artísticos mais recentes.
No centro do museu, seus quadros destruídos e atravessados pelo machado sob um pedestal imenso. No topo, o título: "A Fúria de Deus Sobre as Artes".
Alguns críticos não gostaram. Metalinguagem, iconoclástia, Deus... tudo isso já estava fora de moda.
Outros críticos sugeriram que eram valores atemporais. A obra foi vendida para um comprador desconhecido, que apenas dizia ser de um lugar muito quente (Recife, provavelmente).
Deus volta para seu playground no paraíso. "Foi sorte", ele pensa. Deus acende outro cigarro e desiste das artes plásticas.